sexta-feira, 21 de setembro de 2018

O Fetiche da Mercadoria

Allan Cob
A alienação é um conceito filosófico fundamental para o pensamento crítico da sociedade moderna. Pois é a partir dele que Karl Marx desenvolve a idéia de Fetichismo da Mercadoria. Portanto, se faz importante entender a história da formação conceitual de ambos para situarmos uma leitura possível do pensamento crítico marxista.


Podemos encontrar três momentos importantes para o desdobramento do Fetiche da Mercadoria, previamente desenvolvido por Marx em Georg Lúkacs(1923), Guy Debord (1967)e Robert Kurz (1993). Vamos a cada um para mostrar como esse resgate conceitual foi realizado ao longo do século XX para explicitar uma leitura possível do Fetiche da Mercadoria no próprio Marx.



Lukács, Retomando o Fetiche
Após a realização da primeira reunião da Komintern organizada por Lenin em 1919, Karl Korsch e Georg Lúkacs percebem a palidez filosófica em curso nos debates dirigidos pelo Partido Comunista. Esses encontros apontavam na direção do Socialismo Científico Evolucionista e do pragmatismo de "O que fazer?", influenciado principalmente pelos últimos escritos de Friedrich Engels. Em textos publicados ao longo da década de 1920 Lúkacs e Korsch resgatam a lógica dialética e mostram como Marx havia sido tributário dos desenvolvimentos teóricos de Hegel. Mais do que isso, se capacitam a levar adiante os desenvolvimentos teóricos de Marx.
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A seguir apresentamos um pequeno esboço do pensamento hegeliano para situar o resgate empreendido em História e Consciência de Classe(1923) e a aproximação aos conceitos de alienação e fetiche empreendidos nesse livro por Lúkacs.

O filósofo Georg Wilhelm Hegel (1770-1831), a partir da tradição do pensamento Idealista Alemão, desenvolveu um sistema filosófico para estabelecer a verdade sobre a relação entre sujeito e objeto, entre a mente e a natureza, entre a Idéia e a Matéria. Neste sistema filosófico, conhecido como Idealismo Hegeliano, a Matéria é entendida como realização de uma Idéia prévia, originária no Espírito Absoluto (Geist), posto fora do Homem, a Razão Universal:
“a existência do homem tem o seu centro na cabeça, ou seja, na razão, sob cuja inspiração ele constrói o mundo da realidade”(Hegel, Works).
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A inspiração para as construções materiais humanas viriam das Artes e da Religião. A partir dessa concepção, tributária do Idealismo Alemão e do Racionalismo, Hegel realiza um profundo esforço de sistematização de uma lógica dialética, que diferentemente da lógica formal, consideraria a contradição de forma imanente à sua própria lógica: os elementos contrários lutam entre si mas compõe uma unidade, sem se excluir. A idéia de luz está presente, como ausência de luz, na idéia de escuridão. A unidade dos contrários compõe uma totalidade que submete a ambos.

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O movimento da História Universal para Hegel, determinado por esse Espírito Absoluto seria, portanto, o movimento de realização da Razão Universal. Nesse movimento de auto-realizaçao do Geist, o Homem deveria passar diversas fases de compreensão do Real, também chamadas de alienações. O desdobramento do Geist seguiria até atingir uma fase de autoconsciência que lhe permitiria ao Homem analisar o mundo e ordenar as próprias ações (McLellan, p. 69). Esse momento coincidiria com a realização do Estado.
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Para Hegel no momento de superação de cada fase de consciência, estariam contidos elementos das fases que as haviam precedido. Esse movimento que suprime e conserva, foi definido pelo termo aufhebung (no alemão aufhebung se refere aos dois termos suprimir e conservar).
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Tudo isso parecia ter sido esquecido pelos participantes das Internaiconais Comunistas que insistiam em reduzir o Marxismo à uma doutrina científica. Nesse percurso Lúkacs encontra a noção de Fetiche da Mercadoria como um elemento importante para realizar uma crítica da relaçao entre a teoria e a prática empreenedida no partido comunista soviético. Também influenciado pelas críticas de Weber a burocracia, Lúkacs desenvolve a sua teoria do proletariado como o idêntico sujeito-objeto da História como uma crítica ao partido comunista. O proletário é objeto da relação social capitalista e tem potência de se emancipar enquanto sujeito na medida em que toma consciência dessa relação de reificação (de transformacao em objeto). Sem entrar no mérito da teoria de Consciência de Classe (que julgamos ainda Hegeliana, no sentido de entender o Proletário como o Espírito Absoluto hegeliano, que contém em si o elemento necessário a sua superação enquanto proletário) Lukács teve que enfrentar o problema do Fetiche da Mercadoria se quisesse pensar a possibilidade de tomada de consciência da realidade social capitalista por parte dos proletários porque é exatamente esse o problema ao qual Fetiche remete. De uma maneira simplificada (que aprofundaremos a seguir) o fetiche da mercadoria é a a condiçao de sociabilizacao entre os homens no capitalismo que os submete a se relacionarem através da mercadoria. Os homens assumem a forma da mercadoria e a mercadoria assume uma condição de sujeito do processo histórico. Lukács percebe e entende essa questão. E propõe a consciêcia de classe como superaração dessa condicão objetiva da relação social no capitalismo. Aqui reside o problema de Lúkacs na questão do Fetichismo da Mercadoria: Lukács depende daquele entendimento hegeliano da classe operária como um meta-sujeito social capaz de agir como uma entidade que transcenderia a própria sociedade capitalista. Na prática histórica, contudo, a defesa da classe operária se confundiu com a crítica ao trabalho e interrompeu a abolição da sociedade de classes, como preconizava Marx. Não obstante, fica ainda fora de questão a noção do próprio Marx que entendia antes o Capital como este meta-sujeito, definido como o Sujeito Automático.

A experiência do chamado socialismo real fez a crítica à reificação e ao fetichismo de Lukacs ser engolfadas pela forma estatista do capitalismo soviético, incapaz de colocar em questão a sociedade produtora de mercadorias, o trabalho produtor de valor e o próprio Capital como um Sujeito, relegando assim a crítica marxista a uma sub-posição, restrita a redistribuição do valor produzido por uma sociedade coagida frente ao mundo do trabalho abstrato.

A experiência soviética transformou a crítica radical do fetiche do Capital em uma disputa jurídica burguesa pela distribuição do valor produzido pelo conjunto da sociedade através do Estado. Com isso encerra-se a possibilidade de se colocar em questão a própria produção do valor como horizonte de expectativa pós-capitalista. 

A crítica do valor e do fetichismo da mercadoria vão permanecer razoavelmente escondidas das reflexões marxistas entre 1920 e 1960, quando uma nova etapa da socialização capitalista urge por um resgate crítico da teoria de Marx, livre da apologia do socialismo real soviético e comprometida com uma emancipação radical da humanidade.


Debord e A Sociedade do Espetáculo
Na década de 1960 Guy Debord presencia o estabelecimento da indústria cultural, analisada por Theodor Adorno e Horkheimer, herdeiros do Instituto de Pesquisas Sociais de Frankfurt que havia se estabelecido, ao menos teoricamente, graças aos primeiros passos dado por Korsch e Lukacs na década de 1920. O trabalho de Debord, ao contrário do que faz crer a mesma ind~uistrial cultural que insiste em reduzí-lo a uma teoria da mídia, é muito bem fundamentado filosoficamente na tradição do pensamento crítico. Debord também atravessa a questão fundamental da alienação e culmina em 1967 com a publicação de A sociedade do Espetáculo.

A partir de influências de Marx e Lukács, Guy Debord volta a se deter sobre a questão a alienacao e do fetiche, com o seu conceito de Espetáculo: uma forma superior de alienação atingida no capitalismo maduro.


O espetáculo é uma forma de alienação mais abstrata que as alienações anteriores. O Espetáculo se refere à passividade do sujeito-espectador, que tem seu trabalho separado da vida e das formas de percepção do mundo, cindidas em esferas autonomizadas. O Espetáculo é a vida separada da sua realização, que é colocada fora do homem, no consumo de imagens externas que unificam a vida humana através de uma contemplação mundial simultânea.

Se Marx e os Jovens Hegelianos haviam entendido o trabalho alienado como uma alienção em que o “ser” do homem é alienado em “ter” na medida em que o produto do trabalho é separado do trabalhador (quando se estabelece a propriedade privada dos meios de produção), o espetáculo é uma nova alienação do "ter" para o "aparecer" conforme a condição de sujeito é reduzida ao espectador consumidor de imagens. Essas imagens representam uma unidade que mantém cindida toda a vida humana. O sujeito passivo e espectador consome essas imagens para recompor uma totalidade fetichizada de uma vida totalmente dilacerada e cindida pela mercadoria. O mais importante dessa perspectiva é que ela não reduz o problema da alienação à propriedade privada dos meios de producao, e sim encontra na mercadoria, a célula germe do capitalismo, o elemento que fundamenta todas as demais alienações, por estabelecer o fetiche da mercadoria tanto como condição objetiva de sociabilização quanto como forma de produção de uma consciência fetichizada. A consciência fetichizada procura entender como vontade social o cumprimento de uma objetivdade que lhe é determinada objetivamente pela mercadoria. Em outras palavras, consciência, ideologia, são formas de personificação de uma necessidade objetiva do capitalismo como se necessidades sociais fossem.

Cena do Filme Metropolis, 1928, de Fritz Lang.

Em relacao ainda aos jovens hegelianos cabe dizer que em meados do século XIX autores como como Marx, Feuerbach e Bauer, viriam a realizar uma crítica do Idealismo Hegeliano e do Estado. Para isso iniciam uma critica da alienação religiosa, transposta, como alienação do Estado, (checar Jappe para melhorar isso) e dão início à uma crítica materialista ao Idealismo Hegeliano. Nestes termos, coube a Marx realizar a crítica mais profunda de Hegel, principalmente em a Critica da Filosofia do Direito de Hegel e no próprio Capital, mas que não é possível aprofundar aqui.
Marx, Alienação, Materialismo Histórico

Marx, nos trabalhos de juventude, como nos Manuscritos Econômicos-Filosóficos viiria a se debruçar sobre outras duas formas de alienação da sociedade moderna: o trabalho e o dinheiro. O movimento do pensamento de Marx nesta obra vai da exposição do trabalho como um duplo: o trabalho estranhado, alienacao da natureza humana do ser em ter pela propriedade privada, e como mediação entre o homem e natureza (conceito trans-histórico, ontologico) e portanto como meio de realização da humanidade do homem. Essa oposição dialética do trabalho será um fundamento filosófico importante para o método desenvolvido finalmente em A ideologia Alemã, chamado de Materialismo Histórico. O tratamento do trabalho como atividade essencialmente humana é um problema enfrentado mais recentemente por Robert Kurz e voltaremos a essa questão mais a frente.

O materialismo histórico é o método por excelência de Marx, que parte da análise dialética da relação entre forças produtivas (meios de produção) e relações sociais de produção (a relação entre capital e trabalho). Entretanto essa própria análise marxista pode ser submetida à crítica marxista do Fetiche, na medida em que as categorias objetivas da análise, apesar de se mostrarem como derivadas das formas objetivas de existência, são a sua representação fetichista. É o que mostraremos no último tópico deste texto.Como diria Karel Kosik, outro filósofo que também vai ser deter sobre a questão da reificação em a Dialética do Concreto, já no século XX, um mundo pseudocrecreto.
Fetiche da Mercadoria e Crítica da Teoria do Valor
A abordagem de Robert Kurz
Com a crise da 3ª Revolução Industrial e o colapso do leste europeu que Robert Kurz pôde chegar à idéia de dominação impessoal e a crítica da Ideologia. Conforme descrito por Kurz, o fetichismo da mercadoria recoloca a questão do conhecimento da sociedade e as possibilidades de organização efetiva das ações humanas através da razão, conforme anunciava o idealismo hegeliano. Fetichismo é o estado social em que a sociedade não tem consciência de si mesma, não penetra nem organiza diretamente na prática sua própria forma de sociabilização, mas sim tem que “representá-la” simbolicamente em um objeto externo. Da mesma forma, as ideoloias serão formas representações mais do que conhecimentos objetivos.

Robert Kurz, no livro colapso da Modernização traz no glossário a definicação do termo Fetichismo da Mercadoria:

Fetichismo é um conceito que se origina na crítica da religião do século XVIII, sendo considerado uma característica essencial de religiões “primitivas”. Fundamentava-se nas observações de colonizadores portugueses na África e servia para designar uma crença que imagina em objetos mortos uma alma e forças sobrenaturais”. Marx referiu esse conceito ironicamente à moderna sociedade produtora de mercadorias, que se sujeita a um fetichismo análogo na forma do dinheiro e de seu movimento de exploração em empresas. [...] Marx não quer ressaltar o fato de que à objetos em geral podem ser atribuídas forças sobrenaturais que nada tem a ver com a sua existência natural, mas sim caracterizar um estado social em que a sociedade não tem consciência de si mesma, não penetra nem organiza diretamente na prática sua própria forma de sociabilização, mas sim tem que “representá-la” simbolicamente em um objeto externo. Esse objeto (que também pode ser animado) assume então um significado sobrenatural que não é idêntico a sua forma externa, mas que aparece através desta. Em virtude desse significado adquire ele, apesar de sua banalidade material, poder sobre todos o membros dessa sociedade. Um etnólogo diria talvez que o totem constituiria uma analogia mais adequada. Nos modos de produção asiáticos, o Filho de Céu ou o Imperador Divino assume essa função, e no feudalismo o solo. O dinheiro, como umas das muitas formas do fetichismo, existe em todas essas sociedades, mas ainda não possui a função geral de representar a sociabilização inconsciente, que adota outras formas. Somente na modernidade assume o dinheiro definitivamente essa função. Por isso, pode ser designado como totemismo objetivado e secularizado da modernidade. Não é à toa que tem suas raízes no âmbito sacral, fato que quase sempre ressaltam os apologistas do moderno sistema produtor de mercadorias, sem refletir o que estão dizendo com isso. Somente em conexão com sua crítica do fetiche mercadoria e de sua forma de manifestação, como dinheiro pode-se compreender por que para Marx a modernidade ainda faz parte da “pré-história da humanidade”. Pois cabe dizer, numa inversão daquela perspectiva etnológica que se recusa a chamar de “primitivas” as culturas muito antigas e os povos incivilizados, que também o sistema produtor de mercadorias da modernidade é ainda uma sociedade primitiva. (Robert Kurz, Glossário de O colapso da Modernização)
Conforme descrito por Kurz, o fetichismo da mercadoria recoloca a questão do conhecimento da sociedade e as possibilidades de organização efetiva das ações humanas através da razão, conforme anunciava o idealismo hegeliano. Fetichismo é o estado social em que a sociedade não tem consciência de si mesma, não penetra nem organiza diretamente na prática sua própria forma de sociabilização, mas sim tem que “representá-la” simbolicamente em um objeto externo.
Da mesma forma, as ideoloias serão formas representações mais do que conhecimentos objetivos.
Em relacao a questao da crítica do trabalho como ontologico, ou seja, como atividade essencialmente humana, que estabelece o nexo da relação entre sociedade e a natureza podem ser encontrados argumentos importantes no panfleto intitulado Manifesto Contra o Trabalho, publicado pelo Grupo Krisis do qual Kurz fazia parte na décado de 1990.O principal argumento reside na crise imaneten do capital que se refere à necessidade constante de ampliar as suas forças produtivas, diminuindo exponencialamente a necessidade de trabalho vivo. A composição orgânica do capital (essa proporca entre o trabalho vivo e as maquinas) entra em um estágio crítico com a terceira revolucao cientifica, com a microeletronica e automatizacao dos processos produtivos. Nesse contexto a dispensa do trabalho atinge um grau nunca antes visto e coloca a possibilidade de valorização do valor através do trabalho em questionamento. Como se não bastasse a generalização da acumulação de capital na esfera financeira se esforça constantemente por se desprender da esfera produtiva criando um modo de acumulação totalmente fictício no qual a quantidade de trabalho é irrisórioa. Em outras palavras o trabalho, como fundamento da valorização do valor na sociedade capitalista mostra-se incapaz de se reproduzir ampliadamente infinitamente na medida em que cada processo de produção amplia a sua crise. Ao mesmo tempo o trabalho (a forma-mercadoria como nexo social) nunca esteve tão generalizado como meio de sociabilização. Para se sociabilzar no capitalismo é necessário que se faça através do trabalho, apesar de sua crise.


O caráter fetichista da Mercadoria e seu segredo
O conceito de Fetichismo da Mercadoria, é abordado diretamente por Marx no item 4 do capítulo 1 de O Capital. Neste tópico Marx vai tratar da outra alienação tipicamente moderna, a alienação do dinheiro, através da forma mercadoria.

Entender a crítica do fetiche depende da exposição da inversão entre sujeito e objeto que ocorre no mundo moderno. Acontece que Marx, no abominado item 4 do capítulo 1 de O Capital nos mostra o movimento de sociabilização através da forma-mercadoria como uma relação entre produtores de mercadorias que adquire a forma de uma relação de produtos do trabalho, enquanto a relação entre os produtos do trabalho adquirem a forma da medida do dispêndio de trabalho humano.
A igualdade dos trabalhos humanos adquire a forma [objetiva da igualdade] de valor dos produtos do trabalho; a medida do dispêndio da força de trabalho humana, pela sua duração, adquire a forma de grandeza de valor dos produtos do trabalho; finalmente, as relações entre os produtores, nas quais se afirmam as determinações sociais dos seus trabalhos, adquirem a forma de uma relação social dos produtos do trabalho. (Karl Marx, O Capital).
O Fetichismo da Mercadoria se opera através de uma inversão de papéis entre homens e mercadorias. As mercadorias podem se relacionar socialmente através da troca, momento em que todas as suas qualidades são abstraídas, ou seja é operada uma abstração (eliminação) das suas diferenças (pois sapatos e calças são diferentes) para que seja possível a troca de 2 mercadorias diferentes de acordo com um critério que as iguala e as mede comparativamente e determinar quanto uma vale em relação à outra de acordo com a quantidade de trabalho socialmente necessária para a sua produção. Essa proporção, quanto uma mercadoria vale em relação à outra é chamada de quantum1. Em contrapartida os homens se relacionam através das mercadorias, que passam a representar ‘características objetivas dos próprios produtos do trabalho, como se fossem propriedades sociais inerentes a essas coisas'. A relação social através da forma-mercadoria é a relação social coisificada chamada também de reificação.
Dado que os produtores só entram em contacto social pela troca dos seus produtos, é só no quadro desta troca que se afirma também o carácter [especificamente] social dos seus trabalhos privados (Marx, O Capital.)
A partir de uma filosofia da história desenvolvida principalmente em A Ideologia Alemã e as Teses sobre Feuerbach, Marx dá as bases ao Materialismo Histórico, método de investigação que muitas vezes foi utilizado como simples contraposição entre as formas de existência objetivas da realidade às formas objetivas de pensamento. A idéia de que as superestruturas (Ideologias e Instituições como o Estado) são derivadas das estruturas (a dialética entre forças produtivas e relações sociais de produção). Ou como se as formas de consciência do mundo fossem a objetivação da realidade material.

Mas o que acontece se pensarmos o Materialismo Histórico à luz da crítica do Fetichismo da Mercadoria?

Com o conceito de Fetichismo da Mercadoria, conforme expusemos, Marx nos mostra a inversão que é operada pelo capitalismo entre sujeitos e objetos. Como pode ser possível uma construção objetiva de conhecimento em uma sociedade em que os sujeitos são objetos e os objetos são sujeitos? Em outras palavras a forma como entendemos o mundo é fruto de uma relação material objetiva que pode ser atingida por meio de categorias positivas? Até que ponto as formas de apreensão da realidade (ideologias, burguesas ou proletárias) não são somente uma representação fetichista de mundo, que põe em movimento uma mesma forma de reprodução tautológica do mundo através da forma-mercadoria?

Bibliografia - terminar a bibliografia.Jappe, Anselm. Guy Debord.
Debord, Guy. A sociedade do Espetáculo.
Kurz, Robert. O Colapso da Modernização
Kurz, Robert. Dominação sem sujeito
Marx, Karl. O Capital
Marx, Karl. A ideologia Alemã
Marx, Karl. Teses sobre Feuerbach
McLellan, David. O conceito Materialista de História. in Hobsbwn, Eric. Marxismo na História. Vol. 7

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Nota 1: Seria impossível desenvolver uma tabela para relacionar quanto cada mercadoria vale em relação às outras. É aí que se faz necessária a forma-dinheiro, que se coloca como um equivalente geral de trocas, que tem como essência a medida de trabalho socialmente necessário contida nas mercadorias. Entretanto o dinheiro também assume a forma de uma mercadoria que pode ser comprada e vendida como qualquer outra (vende-se dinheiro a prazo na forma de crédito).Em uma relação mediada por dinheiro, ele se coloca como representação de trabalho (aparência) que vai buscar realizar a fundamentação do valor que ele representa, e portanto a realização do trabalho.

2 comentários:

Anônimo disse...

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Anônimo disse...
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